Fazer com que os adolescentes entrem no ensino médio e o terminem é um desafio mundial, sobretudo nos países em desenvolvimento e nos menos desenvolvidos. A informação foi apontada no relatório "Situação mundial da infância 2011 - Adolescência: uma fase de oportunidades", feito pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
De acordo com o estudo, no mundo, um em cada cinco adolescentes está fora da escola. No Brasil, a proporção é de um para sete. O custo da educação secundária - maior que o da educação primária - contribui para a evasão. A não-obrigatoriedade desse nível de estudo em muitos países e a dificuldade para obter uma vaga também são dificultadores ao acesso ao médio.
O ensino secundário, diz o Unicef, melhora as possibilidades de rendimento dos indivíduos e impulsiona o crescimento econômico na sociedade, além de causar forte impacto na promoção da igualdade de gênero e em melhores condições de saúde materna, rompendo o ciclo intergeracional da pobreza.
Segundo o relatório, entre as meninas adolescentes que frequentam essa etapa, a probabilidade de estar casadas é seis vezes menor do que entre as que não frequentam esse nível educacional e a probabilidade de engravidar é três vezes menor.
Brasil
Um dos principais problemas da adolescência no país é a grande distorção entre a idade e a série em que o estudante deveria estar: dentre os jovens de 14 a 17 anos que estão na escola, mais da metade está fora do ensino médio - etapa que deveriam estar cursando. Além disso, esse grupo tem média de anos de estudos de 7,4, enquanto o ideal seria de 12 anos. Ou seja, o adolescente que deveria estar concluindo o médio sequer chegou a terminar o ensino fundamental.
O relatório aponta o Brasil como um dos países que adotaram medidas para ampliar o acesso à educação, com a emenda constitucional nº 59, que ampliou os recursos orçamentários para a educação, e a instituição da obrigatoriedade do ensino público gratuito dos 4 aos 17 anos.
Diferente do cenário mundial, a maior dificuldade em cursar essa etapa está entre os meninos. Na educação secundária, o número de meninas matriculadas é de 85 em cada 100 e a taxa de frequência líquida é de 80%. Nos meninos, os número caem para 78% e 74%, respectivamente.
Trabalho e gravidez estão entre os principais motivos do abandono escolar. Em 2009, 14,2% dos adolescentes entre 12 e 17 anos estudavam e trabalhavam, e a maioria deles era do sexo masculino. Das meninas que abandonaram a escola, 28% saíram da escola devido à gravidez.
Segundo o relatório, outro direito violado em educação é o direito ao esporte: dados do Pense (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense 2009) revelam que, de mais de 600 mil estudantes do 9º ano do ensino fundamental consultados (com idades entre 13 e 15 anos), 43,1% dos entrevistados não realizava o tempo de atividade física semanal recomendado, que é de 300 minutos ou mais.
Fonte: UOL Educação